A Santíssima Trindade

A Santíssima Trindade

quarta-feira, 29 de abril de 2015

 34.5 – A Providência divina e os estados da alma


Filha querida, seja-te suficiente quanto falei da minha providência relativamente às pessoas que amam a eucaristia e demais sacramentos, de acordo com suas necessidades. Passo agora a dizer-te algo sobre a maneira como me manifesto no íntimo da alma, sem participação do corpo e de meios externos. Já referi alguma coisa ao descrever os estados da alma (18;20), mas vou insistir. O homem pode estar em pecado mortal, na imperfeição ou na perfeição da graça. Em cada situação presto meu auxílio com grande sabedoria, conforme as necessidades que vejo na alma.

34.5.1 – A providência e os pecadores

Relativamente a quem vive no pecado mortal, procuro acordar a pessoa pelo remorso e diversos sofrimentos internos. As modalidades do meu agir são numerosíssimas e tua linguagem nem conseguiria enumerá-las. Umas vezes o homem abandona o pecado mortal por causa do remorso; outras vezes extraio rosas dos espinheiros. Acontece, por exemplo, que o coração humano se apega a determinado objeto ou pessoa contra minha vontade; então eu retiro esse objeto ou pessoa, não permitindo que a pessoa satisfaça seu prazer. Como conseqüência, sente-se abatida, toma consciência da própria situação e, arrependida, abandona o delírio pecaminoso. Trata-se realmente de um “delírio” pois, julgando amar algo de valor, ao verificar, o homem encontra o vazio. Em si mesma a realidade amada tinha um seu valor, mas o resultado do amor acaba em nada, pois o pecado é negação do bem. Pois bem! Desse “nada”, desse “espinheiro”, extraio a “rosa” salvadora do homem. Quem me leva a agir assim? Certamente não a própria pessoa, que não me procura, não me suplica por estar vivendo no pecado, no prazer, na riqueza, nas grandezas humanas, mas o amor. É ele que me leva a agir assim. Também as orações dos meus servidores. O Espírito Santo infunde neles amor por mim e pelo próximo; munidos de inefável caridade, eles procuram aplacar minha justiça; com lágrimas e contínuas orações, levam-me a perdoar. E no que se refere aos meus servidores, quem os faz interceder? Minha providência. Sim, eu cuido de quem vive no pecado mortal; não quero que continue morto, desejo que se converta e viva (Ez 18,23).

Ó filha, enamora-te da minha providência! Se prestares atenção, verás como os maus jazem na miséria com cheiro de defunto, entenebrecidos por falta de luz, mas que vão pela vida a cantar e rir, passando o tempo nas vaidades, prazeres e desonestidades. Lascivos, bêbados, comilões, consideram o estômago como o seu deus (F1 3,19); estão cheios de ódio, orgulho e de outras misérias de que já falei (14.2). Eles nem têm consciência da própria situação. Se não se corrigirem, irão cantando para a morte eterna. Por acaso não seria considerado tolo ou louco o condenado à morte que se encaminhasse para o patíbulo a cantar, dançar e com outros sinais de alegria? Certamente. Pois é com semelhante tolice que os pecadores se julgam felizes. Aliás, a situação deles é mais grave, porque a morte da alma traz um prejuízo bem maior que a morte corporal. Os pecadores perdem a vida da graça, os condenados apenas a vida do corpo; os homens que são vítimas da justiça humana recebem um castigo passageiro, ao passo que os pecadores, morrendo em estado de morte espiritual, terão uma pena sem fim. No entanto, vão cantando! Cegos requintados, tolos, desmedidamente loucos.

Para obter-lhes o perdão, meus servidores choram, aflitos no corpo e contritos no coração, entre vigílias e contínuas orações, com gemidos e lamentos, macerando o corpo..., e os pecadores zombam deles. Mas um dia suas caçoadas recairão sobre suas cabeças. Para quem o merece, o castigo virá. Também o prêmio devido aos esforços realizados por meu amor será dado a quem o merecer. Sou o Deus da Justiça, concedo a cada um conforme seu trabalho. Por isso meus servidores não desanimam diante das zombarias, perseguições e ingratidões; até procuram aumentar o zelo e o ardor. Mas quem os leva a bater com tanto empenho à porta da minha misericórdia? Minha providência, que contemporaneamente procura salvar os infelizes pecadores e acresce o merecimento dos servidores. Realmente, são infinitos os meios que uso para afastar o pecador da culpa mortal.


O Diálogo


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