PAI DIVINO, SEDE
CONHECIDO, HONRADO E AMADO PELOS HOMENS!
INTRODUÇÃO
Em 1932 a Madre
Eugênia Elisabetta Ravasio tem a visão de Deus Pai e recebe d’Ele mensagens que
devem ser transmitidas à humanidade.
Diz-lhe que mais
tarde lhe dará a conhecer a sua IMAGEM, que deseja ver nos lares, hospitais,
oficinas, gabinetes de ministros, etc (este fato somente veio a ocorrer 55 anos
depois, em 1987, quando fez a pintura — a Madre faleceu em agosto de 1990). O
PAI afirma várias vezes que é um PAI TERNO E AMOROSO e não aquele Deus terrível
como tem sido apresentado por um temor excessivo dos homens!
Pede Ele que a
Igreja Lhe dedique uma festa no dia 7 ou no primeiro domingo de agosto.
Segue aqui
reproduzida uma pequena brochura sobre Madre Eugênia e os dois cadernos de
mensagens de Deus Pai, juntamente com orações.
PREFÁCIO DO LIVRO
«A VIDA PARA A GLÓRIA DO PAI»
INTRODUÇÃO
Com esta breve brochura apresentamo-vos o móbil que anima a vida da Madre Eugênia Elisabetta Ravasio: a unidade dos filhos de Deus em Cristo, para Glória do Pai.
A nossa intenção é
suscitar o desejo de permanecer na Verdade, a única que nos tornará livres (Jo,
8. 32), felizes e filhos de Deus, e tomar consciência de que Deus é nosso PAI,
bom e previdente, que se delicia em estar com os Seus filhos.
E sermos estimulados
pelo exemplo daqueles que vivem já esta experiência maravilhosa, que só se
torna possível se vivermos o Evangelho com amor e humildade, que nos faz ir
beber à Fonte de água Viva, Eterna, que se chama Pai.
D. Joppolo
QUEM É MADRE
EUGÊNIA?
Nascida em 1907 em
San Gervasio d’Adda, Itália, conheceu muito cedo o sofrimento e sobreviveu,
depois de um milagre obtido pelo seu avô junto da Santíssima Virgem, que ela
própria vê. O seu avô dá muita importância à oração na família e vai-lhe dando
preciosos ensinamentos, que ajudam a criança a crescer religiosamente. Um dia,
mostrando-lhe o rio Adda, disse-lhe:
- “Olha para a
água, ela corre e afasta-se , se parasse seria um pântano de água estagnada.
Assim sucede com os teus sofrimentos, as tuas lágrimas e as tuas lutas: elas
passam, não as pares. Tudo passa, oferece a Deus e aceita cada dia a Sua
Vontade. Não olhes para a pessoa que te causa o sofrimento.
recebe-o das Suas
mãos, nada é por acaso; Deus segue as Suas criaturas passo a passo. Ele nos ama
mesmo se nós não compreendemos todos os porquês. Coragem, segue sempre em
frente e espera que o sofrimento passe”.
Elisabetta
aproveita bem estes ensinamentos dados pelo seu querido avô. Ela repetia estas
palavras emblemáticas: “Espero que isso passe e, entrementes, canto”. Nós,
as Irmãs da Madre Eugênia, dizíamos:“A Madre Eugenia está cantando, alguma coisa vai mal”.
Depois de oito
anos de trabalho numa fábrica, decidiu fazer-se missionária: “Eis-me aqui,
ó Pai, eu venho fazer a Tua Vontade!”.
Madre Eugênia
No Convento, novas dificuldades. Ela pensa que não
se pode pretender que todas sejam santas no Convento, pois a santidade obtém-se
lutando e conquistando novas vitórias, a pouco e pouco. Compreendeu que não se
deve julgar, que se deve permanecer unido a Deus e observar os regulamentos sem
andar a ver se as outras os observam; cada uma responde por si mesma diante de
Deus com as suas próprias responsabilidades. Está convencida de que deve ser
caridosa para as outras e ajudá-las nas suas necessidades. Deus dar-lhe-á
forças para isso:“Coragem, pois, e em frente!”
Imprevisivelmente, é nomeada, ainda muito nova,
mestra das noviças e, em 1935, é eleita Geral por 12 anos. A sua maneira de
atuar é a de uma pessoa que tem uma confiança ilimitada em Deus e que não mede
as suas forças e as suas capacidades.
A sua instrução não passa da terceira classe e agora
que tem de lidar com várias línguas e muitos problemas, a sua confiança em Deus
é ainda mais forte e Deus ajuda-a. Quando é preciso, fala todas as línguas,
incluindo o latim com os sacerdotes. Escreveu também vários livros de instrução
religiosa.
EM MISSÃO
MADRE EUGÊNIA
A sua aparência é frágil, mas teve a coragem de
obter para as suas Irmãs uma posição digna no trabalho e não uma função
inferior, como acontecia com todas as mulheres do tempo. Para a Madre Eugénia
todos os seres humanos são iguais perante Deus, todos filhos do mesmo Pai, nem
a cor, nem a raça ou a classe ou o sexo podem tornar uma pessoa superior a
outra. É forte e heróica, segundo o Evangelho, no cumprimento total do seu
dever.
Mãe dos leprosos
O único guia de todo o seu fervor é o Amor a Deus,
pode-se encontrar este impulso em todas as suas obras, sem qualquer medida que
possa avaliar as suas possibilidades e as reações à sua volta.
Madre Eugênia com os leprosos
Em 1939, em África, encontra os leprosos relegados
para a ilha Désirée, na Costa do Marfim. As pessoas da aldeia, aterrorizadas
com este mal, transportam-nos para a ilha donde não poderão escapar,
abandonados aí à doença, à solidão e ao desespero. A Madre Eugénia vai ter com
eles e pergunta-lhes:
Que gostaríeis de ter? Falai à vontade, amo-vos e
gostaria de vos ajudar. Farei tudo o que puder para vos ajudar, não
desespereis. Prometo-vos que voltarei o mais depressa possível.
E toca-lhes, sem temer o contágio, para lhes provar
o seu amor.
Raoul Follereau conta este episódio na sua Autobiografia
“A única Verdade é Amar”. Ele diz:
“A ilha Désirée, com a sua luxuriante vegetação,
feita para a felicidade, para o repouso e para a paz, este paraíso terrestre é,
contudo, um lugar de inferno porque é habitada por seres marcados pelos mais
horríveis sofrimentos… ”
“Foi perto dela que um dia pousou o hidroavião da Madre Eugênia e então estes
‘malditos’ viram também descer do céu a Missionária da Caridade. Ela sorri,
estende as mãos, fala-lhes, escuta pacientemente a sua pobre história, cada um
mostra-lhe as suas feridas e explica-lhe a sua miséria”.
Contra todas as dificuldades, a Madre Eugênia descobre como conciliar os regulamentos sanitários com a impressão de
liberdade: construir-se-á a cidade dos leprosos em plena floresta virgem e
assim eles poderão andar à vontade na cidade, terão verdadeiramente a impressão
de estar livres, uma cidade onde não mais serão tratados como animais, mas sim
como homens, com todo o respeito e a dignidade que merecem. Tudo isto, hoje,
parece muito simples, mas em 1939 era um projeto revolucionário e as pessoas
diziam: ”É um sonho. uma utopia, uma quimera; esta mulher é generosa,
claro, mas não sabe o que faz, a sua caridade fá-la ultrapassar os limites do
possível… “
Madre
Eugênia lança Follereau a favor dos leprosos
A Madre Eugênia confia as suas preocupações, com uma
voz vibrante e indignada a Raoul Follereau, que nesse momento estava escondido
no seu Convento por causa da perseguição alemã. Diz-lhe:
“Na Europa, fazem guerra! Milhões de francos para
bombas e canhões! E ali os seres mais pobres do mundo morrem de fome e de negra
miséria. Rapazes de doze anos sem mãos, desfigurados, que dormem nas lixeiras.
Mulheres novas, enlouquecidas pela fome. E nós brincamos às guerras! Quero
construir uma cidade na floresta africana onde os leprosos não sejam tratados
como animais. mas sim como homens, com todo o respeito e dignidade que merecem…
“
Follereau sentia na voz da jovem Irmã uma vontade
enorme e decidida a tudo fazer e diz-lhe: “Minha Madre. continue o seu
trabalho, que eu vou ocupar-me do dinheiro”. A partir desse momento deixou
corajosamente o Convento sem se preocupar com a perseguição.
Passados 10 anos, em 1950, a cidade está pronta, com
a boa vontade de muitas pessoas e a confiança que a Madre Eugênia transmitiu e
manteve, realizando-se assim o sonho impossível — e de tal modo se desenvolveu
que se transformou no Instituto Nacional da Lepra da Costa do Marfim.
A França atribuiu-lhe a Coroa Cívica, distinção
concedida a Obras de reconhecido caráter social. Com a confiança que a Madre
Eugénia tinha em Deus e o desejo de ajudar estes doentes,descobriu um novo
medicamento, que o Instituto Pasteur de Paris aperfeiçoou, dando deste modo um
novo impulso à Ciência.
O
CARISMA DA MADRE EUGÊNIA
MADRE EUGÊNIA
O seu carisma é a UNIDADE, tão desejada por Jesus
(Jo, 1): Uma só família, tendo à cabeça Deus Pai. O PAI bom, amável, o PAI que
está sempre conosco, o PAI que nos ama continuamente com ternura, o PAI que de
tal modo nos amou que nos deu o Seu Filho Único.
Para a preparar para a sua missão, Deus encheu-a de
dons e de graças extraordinárias, e levou-a a uma grande virtude, por meio de
grandes sofrimentos, no meio dos quais o seu amor a Deus tornou-se cada vez
mais forte. Agora que está preparada, Jesus diz-lhe:
“Ao longo dos séculos, Deus já concedeu muitos dons, mas eis agora o DOM dos
dons” e, com um gesto da mão, fez-lhe ver a chegada de Deus Pai … o PAI
que se dá à humanidade.
A Madre Eugênia tem a missão, confiada pelo próprio
PAI, de dar a conhecer a toda a gente, a todos os Seus Filhos, a “Mensagem do
Seu Amor”: Que o PAI da humanidade, que Jesus revelou, está sempre conosco, que
Ele nos ama ternamente, que protege a nossa vida depois de no-la ter dado, que
não se deve ter medo mas sim confiança n’Ele, porque Ele constituiu como Juiz o
Seu Filho Jesus, mas Ele é o Pai. Assim, pois, a missão da Madre Eugênia é a de
fazer tomar consciência desta maravilhosa realidade: Deus é nosso PAI, Ele nos
ama, Ele está sempre conosco e quer levar-nos para a Glória da Sua Casa.
Ela fundou a Obra do Pai para a Unidade: “UNITAS IN
CHRISTO AD PATREM”, que continua o seu carisma e onde muitas pessoas sentem a
Presença Viva do PAI.
O próprio Pai disse à Madre Eugênia que todas as
vezes que as pessoas lessem a Sua Mensagem, Ele estaria presente com o Seu Amor
e a Sua Presença Viva, para Se comunicar à alma.
Deus Pai concede muitas graças por intercessão da
Madre Eugénia, rezando-se a oração “Deus é meu Pai”, que o próprio Pai lhe
transmitiu.
TESTEMUNHO DE MONS. CAILLOT, BISPO DE GRENOBLE
PALAVRA DA IGREJA
TESTEMUNHO DE SUA EXCELÊNCIA
REVERENDÍSSIMA MONS. CAILLOT, BISPO DE
GRENOBLE, EM SEGUIMENTO DO RELATÓRIO
FEITO DURANTE O INQUÉRITO CANÔNICO SOBRE
A MADRE EUGÊNIA
Dez anos se passaram desde que, como Bispo de
Grenoble, decidi a abertura de um inquérito sobre o caso da Madre Eugênia.
Possuo agora elementos suficientes para trazer à
Igreja o meu testemunho de Bispo. Uma primeira certeza se destaca claramente do
inquérito:
1. As sólidas virtudes da Madre Eugênia
Desde o princípio da sua vida religiosa, a Irmã
tinha atraído a atenção das suas Superioras pela sua piedade, a sua obediência,
a sua humildade.
As suas Superioras, desconcertadas pelo caráter
extraordinário dos fatos que se tinham produzido durante o Noviciado da Irmã,
estavam decididas a não a deixar ficar no Convento. Hesitavam e acabaram por
ter que renunciar ao seu projeto, perante a vida exemplar da Irmã.
Durante todo o tempo que durou o inquérito, a Irmã
Eugénia deu provas de uma grande paciência e de uma perfeita docilidade,
submetendo-se a todos os exames médicos sem se queixar, ou respondendo aos
interrogatórios, muitas vezes longos e desagradáveis, das comissões teológicas
e médicas, aceitando as suas contradições e as provações.
Todos os inquiridores louvaram, sobretudo a sua
simplicidade.
Várias circunstâncias permitiram descobrir, também,
que a Irmã era capaz de praticar a virtude num grau heróico, segundo o
testemunho dos teólogos, nomeadamente a virtude da obediência no inquérito do
Revº Padre Augusto Valensin, em Junho de 1934, e a da humildade no doloroso dia
20 de Dezembro de 1934.
Nas suas funções de Superiora-Geral, posso atestar que
a encontrei muito aplicada ao seu dever de estado, entregando-se à sua tarefa,
que no entanto lhe devia parecer muito mais difícil quanto ela não estava
preparada para ela, com grande amor às almas, à sua Congregação e à Igreja.
Todos aqueles que convivem com ela de mais perto ficam emocionados, tal como
eu, com a sua força de alma no meio das dificuldades.
Não são só as virtudes que me impressionam, são
também as qualidades que a Madre revela no exercício duma autoridade que uma
Religiosa pouco instruída vem a obter, chegando a ocupar a mais alta função da
sua Congregação! Há nisto já alguma coisa de extraordinário e, sob este ponto
de vista, o inquérito feito pelo meu Vigário-Geral, Mons. Guerry – no dia da
eleição – é bastante sugestivo. As respostas das capitulares, todas, Superioras
e delegadas das diversas Casas, mostram que elas escolhiam a Madre Eugénia como
Superiora-Geral, apesar da sua idade e dos obstáculos canônicos que deviam,
normalmente, afastar a idéia da sua nomeação, por causa das suas qualidades de
juízo, de equilíbrio, de energia e de firmeza. A realidade parece bem ter
ultrapassado toda a esperança que as eleitoras puseram naquela que escolhiam.
O que mais notei nela foi, em primeiro lugar, a sua
inteligência clara, viva, penetrante. Disse que a sua instrução tinha sido
deficiente, aliás, por razões exteriores, independentes da sua vontade: a
prolongada doença da sua mãe tinha-a obrigado, desde muito nova, a ocupar-se
das coisas da casa e a faltar muitas vezes à escola. Depois foram, até à sua
entrada no Convento, os duros anos de vida na fábrica, como operária tecelã.
Apesar destas lacunas, cujas conseqüências se fazem sentir, evidentemente, na
sua escrita e na sua ortografia, a Madre Eugénia faz à sua Comunidade numerosas
Conferências. Ela própria redigiu as suas cartas circulares à sua Congregação,
para os hospitais confiados às Irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos. Compôs um
extenso epistolário.
Ela vê, claro e justo em qualquer situação, como num
caso de consciência. A sua direção é clara, precisa e particularmente prática.
Conhece perfeitamente cada uma das suas mil e quatrocentas filhas, com as suas
aptidões e virtudes, e, assim, é capaz de escolher, para as nomeações dos
diferentes postos, as que estão mais qualificadas. Tem também uma consciência
exata, pessoal, das necessidades, dos recursos da sua Congregação, da situação
de cada Casa. Visitou todas as suas missões.
Queremos também assinalar o seu espírito de
previdência. (Tomou todas as disposições necessárias para que, no futuro, cada
estabelecimento hospitalar ou escolar tivesse o número de Irmãs diplomadas de
que viria a ter necessidade para viver e desenvolver-se). Parece-me
especialmente interessante assinalar que:
A Madre Eugénia parece dotada de um espírito de
decisão, do sentido do real e duma vontade realizadora. Em seis anos, fez
sessenta fundações e soube introduzir grandes melhoramentos na Congregação.
Se assinalo as suas qualidades de inteligência, de
juízo, de vontade, as suas aptidões para o governo, é porque elas me parecem
afastar definitivamente todas essas hipóteses que foi preciso encarar num dado
momento do inquérito, mas que se revelaram impotentes para dar uma explicação
suficiente: hipótese de alucinação, de mediunidade, de histeria, de delírio.
A vida da Madre é uma constante demonstração do seu
equilíbrio mental e geral, e, aos olhos dos observadores, este equilíbrio
parece ser mesmo a nota dominante da sua personalidade. As outras hipóteses de
sugestão, de manipulação, que tinham levado os inquiridores a interrogar-se se
não estariam em presença duma natureza muito impressionável, verdadeiro espelho
multifacetado que recebia todas as influências e sugestões, foram igualmente
refutadas pela realidade quotidiana. A Madre Eugénia, ainda que dotada de uma
natureza sensível e de um temperamento emotivo, provou que não fazia distinção
de pessoas e que, muito longe de se deixar influenciar pelas considerações
humanas, sabia bem definir os seus projetos, a sua atividade, as suas
realizações e impor-se aos outros pela sua irradiação pessoal. Um simples fato,
dirá mais que todas as apreciações: no dia seguinte ao da sua eleição para
Superiora-Geral, teve que proceder à designação de Superioras. Ora, ela não
hesitou em substituir uma das que tinham acabado de votar nela: ao desembarcar
no Egito, esta Superiora local soube da sua mudança, notificada por avião.
2. Sobre o objeto da Missão
O objeto da Missão que teria sido confiado à Madre
Eugénia é preciso e, do ponto de vista doutrinal, parece-me legítimo e
oportuno.
Objeto preciso: Fazer conhecer e honrar o Pai,
nomeadamente pela instituição duma Festa especial, pedida à Igreja. O inquérito
estabeleceu que uma Festa litúrgica em honra do Pai estaria bem na linha de
todo o culto católico, conforme ao movimento tradicional da oração católica,
que é uma ascensão para o Pai, pelo Filho, no Espírito, como provam as orações
da Missa e a oblação litúrgica ao Pai, no Santo Sacrifício. Por outro lado,
porém, é um fato que não existe nenhuma Festa especial em honra do Pai: a Trindade
é honrada como tal, o Verbo e o Espírito Santo são honrados na Sua Missão e nas
Suas manifestações exteriores, e só o Pai não tem uma Festa própria, que
atrairia a atenção do povo cristão para a Sua Pessoa.
Dever-se-á atribuir a esta ausência de uma Festa
litúrgica em Sua honra este fato que um inquérito muito alargado, feito a
numerosos fiéis revelou, nas diversas classes da sociedade e mesmo em muitos
sacerdotes e Religiosos: “o Pai não é conhecido, não se Lhe reza não se pensa
n’Ele”. O inquérito descobre mesmo, com espanto, que um grande número de
cristãos se afastam do Pai, porque vêem n’Ele um Juiz terrível. Preferem
dirigir-se à Humanidade de Cristo — e quantos pedem a Jesus que os proteja da
cólera do Pai!
Uma Festa especial teria, pois, como primeiro
efeito, restabelecer a ordem na piedade de muitos cristãos e de os reconduzir à
diretiva do Divino Salvador: ” Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu Nome …” e,
depois: Doravante, rezareis assim: Pai Nosso …”
Uma Festa litúrgica em honra do Pai teria igualmente
por efeito o de fazer erguer os olhos para Aquele que o Apóstolo S. Tiago
chama: O Pai da Luz, de quem nos vêm todos os dons …” Ela habituaria as almas a
considerar a Bondade Divina, os benefícios de Deus, a Sua Providência Paternal
e, certamente, esta Providência é bem a de Deus-Trindade e é pela Sua natureza
divina, comum às Três Pessoas, que Deus espalha sobre o mundo inteiro os
tesouros inextinguíveis da Sua Misericórdia Infinita.
Pareceria, pois, à primeira vista, que não havia
nenhuma razão especial para honrar o Pai em particular, contudo, não foi o Pai
que enviou o Seu Filho ao mundo? E se é soberanamente justo prestar um culto ao
Filho e ao Espírito, pelas Suas manifestações exteriores, não seria também
justo e equitativo dar graças a Deus Pai, como pedem os prefácios da Missa,
pelo Dom que Ele nos fez do Seu Filho?
O objeto próprio desta Festa especial surge, assim,
claramente: Honrar o Pai, agradecer-Lhe, louvá-Lo, por nos ter dado o Seu
Filho; numa palavra, como diz precisamente a Mensagem: como Autor da Redenção.
Dar graças Àquele que tanto amou o mundo, que lhe deu o Seu Filho Único, para
que todos os homens, reunidos no Corpo Místico de Cristo, recapitulem esse
Filho, e se tornem felizes n’Ele.
Numa hora em que o mundo, transviado pelas doutrinas
do laicismo, do ateísmo e das modernas filosofias, já não conhece Deus, o
verdadeiro Deus, esta Festa não faria com que muitos reconhecessem o Pai vivo
que Jesus nos revelou, o Pai de misericórdia e de bondade?
Não contribuiria ela para aumentar o número desses
adoradores do Pai, “em espírito e verdade” que Jesus anunciou?
Numa hora em que o mundo despedaçado por guerras
assassinas vai sentir a necessidade de procurar um princípio sólido de união,
para uma aproximação entre os povos, não traria esta Festa uma grande luz,
ensinando aos homens que eles têm todos, no Céu, o mesmo Pai: Aquele que Jesus
lhes deu a conhecer e para Quem os leva, como membros do Seu Corpo Místico, na
unidade do mesmo Espírito de Amor ! Numa hora em que tantas almas esgotadas ou
cansadas pelas provações da guerra poderiam sentir-se ávidas de se virarem para
uma vida interior profunda, não poderá esta Festa chamá-las “para dentro de si
mesmas”, para adorar o Pai que aí está no segredo, e para se entregarem, numa
oblação filial e generosa ao Pai, única fonte da Vida da Santíssima Trindade
nelas? Uma tal Festa não conservaria o belo movimento de vida sobrenatural que
levaria logicamente as almas à infância espiritual e à vida filial em relação
ao Pai, através da confiança, do abandono à Vontade Divina, do espírito de Fé?
Além disso, diferente desta questão duma Festa
especial e seja qual for a decisão da Igreja sobre este ponto, põe-se um
problema de doutrina. Há eminentes teólogos que pensam que a doutrina das
relações da alma com a Santíssima Trindade deve ser aprofundada e que ela
poderia ser para as almas uma fonte de luz sobre a vida em sociedade com o Pai
e o Filho, de que fala S. João, sobre a participação na vida de Jesus, Filho do
Pai, através de uma comum disposição de Cristo, íntima do Seu Sagrado Coração,
especialmente o Seu Amor filial ao Pai.
Sejam como forem estes problemas teológicos, o que
eu quero assinalar aqui é este fato: que uma pobre ignorante em Teologia
declara ter comunicações divinas, que podem ser bem ricas de doutrina.
As construções imaginárias duma visionária são
pobres, estéreis, incoerentes. Pelo contrário, a Mensagem que a Madre Eugénia
diz ter-lhe sido confiada pelo Pai, é fecunda, com uma mistura harmoniosa das
duas características que a tornam mais segura: por um lado, apresenta-se como
tradicional na Igreja, sem aspecto de novidade, que a poderia fazer taxar de
suspeita, porque ela repete sem cessar que tudo já foi dito com a Revelação de
Cristo sobre o Seu Pai e que tudo está no Evangelho. Mas, por outro lado,
declara esta grande Verdade sobre o conhecimento do Pai, pede que ela seja
repensada, aprofundada, vivida.
A desproporção entre a fraqueza do instrumento,
incapaz por si mesmo de descobrir uma doutrina desta natureza, e a profundidade
da Mensagem que a Irmã traz, não deixa entrever que outra causa superior,
sobrenatural, divina, interveio, para lhe confiar a Mensagem?
Humanamente, não vejo como é que se poderia explicar
a descoberta, pela Irmã, de uma idéia de que os inquiridores só a pouco e pouco
entreviram a originalidade e a profundidade.
Outro fato parece-me também bastante sugestivo:
Quando a Irmã Eugênia anunciou que tinha tido aparições do Pai, os inquiridores
teólogos replicaram-lhe que as aparições do Pai eram, em si mesmas,
impossíveis, que elas nunca se tinham produzido na História — e a estas
objeções a Irmã resistiu, declarando simplesmente: ” O Pai disse-me para
descrever o que eu via. Ele pede que os Seus filhos teólogos estudem “, A irmã
nunca variou nas suas explicações, manteve as suas afirmações durante longos
meses. Ora, foi só em Janeiro de 1934 que os teólogos descobriram, em São Tomás
de Aquino, a resposta à objeção que faziam.
A resposta do grande Doutor sobre a distinção entre
aparição e a missão foi luminosa. Ela levantou o obstáculo que paralisava todo
o inquérito. Contra sábios teólogos a pequena ignorante tinha tido razão. Como
explicar, ainda aqui, humanamente, a luz, a sabedoria, a perseverança da Irmã?
Uma falsa visionária teria procurado adaptar-se às explicações dos teólogos. A
Irmã manteve-se firme; eis outra razão pela qual o seu testemunho nos parece
digno de ser apoiado com confiança.
Em todo o caso, o que me parece digno de ser
assinalado é esta atitude de reserva tomada e indicada a respeito do
maravilhoso, enquanto as falsas místicas fazem passar para primeiro plano, ou
até mesmo não vêem senão as coisas extraordinárias. Estas são, no caso da Irmã,
relegadas para segundo plano, a título de provas e de meios. Não existe
exaltação, há um equilíbrio dos valores, que causa boa impressão.
Do inquérito dos inquiridores, direi poucas coisas.
Os Reverendos Padres Alberto e Augusto Valensin são estimados pela sua
autoridade filosófica e teológica, e também pelos seus conhecimentos da vida
espiritual. Eles já tinham tido que intervir noutras circunstâncias para fatos
do gênero daqueles que lhes eram submetidos, desta vez, ao seu exame.
Sabemos que o fizeram com muita prudência. Foram
essas razões que os designaram para a nossa escolha.
Estamos-lhes reconhecidos por uma colaboração que
foi devotada e verdadeiramente conscienciosa. O seu testemunho em favor da Irmã
e em favor de uma explicação sobrenatural dos fatos no seu conjunto tem tanto
mais valor quanto eles permaneceram, durante muito tempo bastante hostis e
céticos, e depois hesitantes. Foram conquistados a pouco e pouco depois de
terem levantado toda a espécie de objeções e de terem imposto rudes provas à
Irmã.
Conclusão
Em alma e consciência, com o vivo sentimento da
minha responsabilidade perante a Igreja, declaro:
Que a intervenção sobrenatural e divina é a única
que me parece capaz de dar ao conjunto dos fatos uma explicação lógica, e
satisfatória.
Destacado de tudo o que o rodeia, este fato
essencial parece-me cheio de nobreza, de elevação, de fecundidade sobrenatural.
Uma humilde Religiosa lembrou aos homens o
verdadeiro culto do Pai, tal como Jesus o ensinou e tal como a Igreja o fixou
na Liturgia.
Não há aqui nada de perturbador, é tudo muito puro e
conforme a uma sólida doutrina.
Os fatos maravilhosos que acompanham esta Mensagem
poderiam ser separados deste acontecimento central e, mesmo assim, este
conservaria todo o seu valor. A Igreja dirá se a idéia da Festa especial pode
ser mantida separadamente do fato particular da Irmã, e por razões doutrinais.
Considero que a grande prova da autenticidade da
Missão da Irmã nos é fornecida pela maneira como ela aplica à sua vida real a
bela doutrina que teria vindo recordar.
Considero que convém deixá-la continuar a sua Obra.
Creio que nela está o dedo de Deus e, depois de dez anos de inquérito, de
reflexão e de orações. bendigo o Pai por se ter dignado escolher a minha
diocese como local de manifestações tão comoventes do Seu Amor.
+ Alexandre Caillot
(Bispo de Grenoble)
O
OBJETIVO DA REVELAÇÃO DE DEUS PAI
1º CADERNO
1º de Julho de 1932 – Festa do Preciosíssimo Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo
Eis, enfim, o dia para sempre Bendito da promessa do
Pai Celeste!
Hoje terminam os longos dias de preparação e
sinto-me perto, muito perto, da vinda do meu Pai e do Pai de todos os homens.
Alguns minutos de oração e depois que alegrias espirituais! Fui tomada de uma
sede de O ver e de O ouvir.
O meu coração, todo ardente de amor, abria-se com
uma confiança tão grande que eu mesma verificava que nunca tinha sido até agora
tão confiante com ninguém.
O pensamento do meu Pai lançava-me numa alegria
louca.
Por fim começam a ouvir-se cânticos! Vêm Anjos
anunciar-me esta feliz chegada! Os seus cânticos eram tão belos que resolvi
escrevê-los, logo que pudesse. Essa harmonia parou um instante e eis o cortejo
dos eleitos, dos Querubins e dos Serafins, com Deus, nosso Criador e nosso Pai!
Prostrada, de face por terra, abismada no meu nada,
recitei o Magnificat. Logo a seguir o Pai disse-me para me sentar e escrever o
que Ele decidiu dizer aos homens.
Toda a Corte que O tinha acompanhado desapareceu. O
Pai ficou sozinho comigo e antes de se sentar, disse-me:
“Já te disse e volto a dizer: não posso dar outra
vez o meu Filho Bem-Amado para provar o Meu Amor pelos homens. Ora, é para os
amar e para que eles conheçam este Amor que Eu venho ao seu encontro, assumindo
a sua semelhança e a sua pobreza.
Vê, deponho a minha Coroa e toda a minha Glória para
tomar a atitude de um homem normal!”
Reprodução da imagem original de Deus Pai, feita por
indicação de Madre Eugênia
Depois de ter assumido a atitude de um homem comum,
depondo a Sua coroa e a Sua glória a Seus pés, pegou no globo do mundo,
aconchegado ao Seu coração, segurando-o com a mão esquerda, e sentou-se ao pé
de mim.
Quase não sou capaz de dizer uma palavra sobre a Sua
chegada e a atitude que se dignou tomar, assim como sobre o Seu Amor!
Na minha ignorância não encontro palavras para
exprimir o que Ele me fez compreender.
“Paz e salvação a esta casa – diz – e ao mundo
inteiro! Que o meu Poder, o meu Amor e o meu Espírito Santo toquem os corações
dos homens, para que toda a humanidade se volte para a salvação e venha ao seu
Pai, que a procura para a amar e salvar! Que o meu Vigário Pio XI compreenda
que estes são dias de salvação e de bênção. Que não perca a oportunidade de
chamar a atenção dos filhos para o seu Pai, que vem ter com eles para lhes
fazer bem nesta vida e preparar a sua salvação eterna.
Escolho este dia para começar a minha Obra entre os
homens porque é a Festa do Preciosíssimo Sangue do meu Filho Jesus. Tenho a
intenção de amassar neste Sangue a Obra que venho começar, para que dê grandes
frutos em toda a humanidade.
Eis o Verdadeiro Objetivo da minha Vinda:
1. Eu venho para banir o temor excessivo que as
minhas criaturas têm de Mim e para lhes fazer compreender que a minha alegria
está em ser conhecido e amado pelos Meus filhos, ou seja, por toda a humanidade
presente e futura.
2. Eu venho trazer a esperança aos homens e às
nações. Quantos a perderam há tanto tempo! Esta esperança fa-los-á viver em paz
e segurança, trabalhando para a sua salvação.
3. Eu venho para Me dar a conhecer tal como sou.
Para que a confiança dos homens cresça, ao mesmo tempo que o seu amor por Mim,
seu Pai, que só tenho uma única preocupação: a de velar por todos os homens e
amá-los como meus Filhos.
O pintor delicia-se na contemplação do quadro que
pintou tal como Eu me deleito na obra-prima da minha criação, pondo a minha
alegria na convivência com os homens.
O tempo urge e Eu gostaria que o homem soubesse, o
mais depressa possível, que Eu o amo e que sinto a maior felicidade em estar e
conversar com ele, como um Pai com os seus filhos.
Eu sou o Eterno e quando vivia sozinho, já tinha
resolvido aplicar a minha Onipotência para criar seres à minha Imagem. Todavia
era necessária a criação material, para que esses seres pudessem encontrar a
sua subsistência, então foi a criação do mundo! Eu enchi-o do que Eu sabia que
devia ser necessário aos homens: o ar, o sol, a chuva, e tantas outras coisas
que Eu sabia que eram necessárias para a sua vida.
Enfim, o homem foi criado! Eu comprazia-Me na minha
obra. O homem praticou o pecado, mas foi então que a minha Bondade infinita se
mostrou.
Para viver entre os homens que Eu criava, escolhi
Profetas, como se vê no Antigo Testamento, a quem comuniquei os meus desejos,
as minhas penas e as minhas alegrias para que eles as comunicassem a todos.
Quanto mais aumentava o mal, tanto mais a minha
Bondade Me impelia a comunicar-Me a almas justas para que elas transmitissem as
minhas ordens àqueles que causavam a desordem. Por isso tive às vezes de usar
de severidade para os repreender, não para os castigar — o que só teria feito
mal — mas para os desviar do vício e para os fazer retornar ao seu Pai e seu
Criador, de quem se tinham esquecido, na sua ingratidão.
Mais tarde, o mal submergiu de tal modo o coração
dos homens que fui obrigado a enviar castigos sobre o mundo para que o homem
fosse purificado pelo sofrimento, pela destruição dos seus bens, ou mesmo a
perda da sua vida – foi o Dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, as guerras
entre os homens, e assim por diante.
DO LIVRO “A VIDA
PARA A GLÓRIA DO PAI”
QUEM É O MESSIAS?
1º CADERNO
Eu quis ficar sempre neste mundo, entre os homens.
Durante o Dilúvio, Eu estava junto de Noé, o único Justo então. Nas outras
calamidades, Eu encontrava sempre um Justo junto de quem permanecer e por seu
intermédio Eu ficava entre os homens desse tempo. E foi sempre assim.
O mundo foi muitas vezes purificado da sua corrupção
pela minha infinita Bondade para com a humanidade. Então, Eu continuava a
escolher almas nas quais Me comprazia, para que, por elas, Eu Me pudesse
comprazer nas minhas criaturas , os homens.
Eu tinha prometido ao Mundo o Messias. O que Eu fiz
para preparar a sua Vinda, mostrando-Me nas figuras que O representavam, mesmo
mil e dois mil anos antes da Sua Vinda! Porquê, este Messias? Quem é Ele? Donde
vem? Que fará Ele na Terra? Quem é que vem representar?
O Messias é Deus
- Quem é Deus? Deus é o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
- Donde vem Ele, ou melhor, quem Lhe deu ordem para
vir ter com os homens? Fui Eu, Seu Pai, Deus.
- Quem representará Ele na Terra? O Seu Pai.- Deus.
- Que fará Ele na Terra? Fará conhecer e amar o Pai:
Deus.
Não disse Ele:
“Não sabeis que Eu devo cuidar das coisas de meu
Pai? Nesciebatis quia in his, quae Patris mei sunt oportet me esse” (em São
Lucas cap. 2, vers. 49).
- Vim para fazer a vontade de meu Pai.
- Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu Nome Ele
vo-lo concederá (Jo 15,16).
Rezai-lhe assim: “Pai Nosso, que estais nos Céus…”, e como veio para glorificar
o Pai e dá-Lo a conhecer aos homens, disse:
- Quem Me vê, vê o Pai (Jo., 14,9)
- Eu estou no Pai e o Pai está em Mim (Jo, 14,10).
- Ninguém vem ao Pai senão por Mim — ” Nemo venit ad
Patrem nisi per me”: em São João, cap. 14,vers. 6.
- Quem está coMigo, está também com meu Pai , etc.,
etc.
Concluí, ó homens, que desde toda a Eternidade Eu só
tive um desejo: o de Me dar a conhecer aos homens e de Me fazer amar, desejando
permanecer permanentemente junto deles.
Quereis uma prova real deste desejo que acabo de
exprimir?
Porque ordenei a Moisés a construção do Tabernáculo
e a Arca da Aliança a não ser por causa do meu ardente desejo de vir habitar
como um Pai, um Irmão, um Amigo confiante, com as minhas criaturas, os homens?
Apesar disso eles esqueceram-Me, ofenderam-Me com inumeráveis pecados. E para
que eles se lembrassem, apesar de tudo, do seu Pai, Deus, e do único desejo que
Ele tem de os salvar, dei os meus Mandamentos a Moisés, para que,
observando-os, eles pudessem lembrar-se do Pai infinitamente bom, sempre
ocupado com a sua salvação atual e eterna.
Tudo isso caiu de novo no esquecimento e os homens
perderam-se no erro e no temor, achando difícil observar as Leis que Eu lhes
tinha dado através de Moisés. Forjaram outras leis de acordo com os seus vícios
para as cumprir com maior facilidade. A pouco e pouco, no temor exagerado que
tinham de Mim, voltaram a esquecer-Me e a encher-Me de ultrajes.
No entanto, o meu amor por estes homens, filhos
Meus, não se extinguiu. Quando verifiquei que nem os Patriarcas, nem os
Profetas, conseguiam fazer-Me amar e conhecer pelos homens, resolvi ir Eu
próprio.
Mas como fazer para andar no meio dos homens? Não
havia outro meio senão ir Eu próprio, na Segunda Pessoa da minha Divindade.
E os homens conhecer-Me-iam, escutar-Me-iam?
Para Mim, nada estava escondido no futuro e conhecia
a resposta a estas duas perguntas. Eu respondia a Mim mesmo.
Eles ignorarão a minha presença, apesar de estarem
ao pé de Mim. No Meu Filho, hão-de maltratar-Me, apesar de todo o bem que Ele
lhes fizer. No Meu Filho hão-de caluniar-Me e crucificar-Me para Me dar a
morte.
Havia de parar por causa disso? Não! O meu Amor é
excessivamente grande pelos meus Filhos, os homens!
Não parei, mas reconhecei que vos amei, por assim
dizer, mais que ao meu Filho Bem-Amado, ou melhor, mais que a Mim mesmo.
O que vos acabo de revelar é de tal modo verdadeiro
que se tivesse bastado uma das minhas criaturas para expiar o pecado dos outros
homens, com uma vida e uma morte como a do meu Filho, Eu teria hesitado.
Porquê? Porque Eu atraiçoaria o meu Amor fazendo sofrer outra criatura que amo
em vez de sofrer Eu próprio, no meu Filho. Eu jamais teria querido fazer assim
sofrer os meus filhos.
Eis, pois, em resumo o relato do meu Amor até a
minha vinda, por meio do meu Filho, para o meio dos homens.
Todos estes acontecimentos são conhecidos pela maior
parte dos homens, mas eles ignoram o essencial, ou seja, que foi o Amor que
tudo conduziu!
Sim, é Amor. É isso que quero esclarecer neste
relato que acabais de ler.
Este Amor é esquecido. Quero recordá-lo para que
aprendais a conhecer-Me tal como sou.
Para que não tenhais medo, como escravos,
de um Pai que vos ama a este ponto.
EU VOS AMO COM
TANTA TERNURA!
1º CADERNO
Vede: neste relato estamos apenas no primeiro dia do
primeiro século e Eu desejo trazê-lo até aos nossos dias: ao século XX.
Oh, como o Meu Amor de Pai foi esquecido pelos
homens!
Contudo, Eu vos amo com tanta ternura! No meu Filho,
quer dizer, na Pessoa do meu Filho feito Homem, o que não continuei a fazer! A
Divindade, nesta Humanidade, ficou velada, pequena, pobre, humilhada. Eu
levava, com o meu Filho Jesus, uma vida de sacrifício o de trabalho. Recebia as
Suas orações para que o homem tivesse um caminho traçado de modo a caminhar
sempre na justiça para vir em segurança até Mim!
Eu sei compreender bem a fraqueza dos meus filhos!
Por isso pedi a Meu Filho para lhes dar os meios de sustentar a sua fraqueza.
Tais meios ajudá-los-ão a purificar-se dos seus pecados para continuarem a ser
os filhos do Meu Amor. Esses meios são, principalmente, os Sete Sacramentos e,
sobretudo, o grande meio para vos salvar apesar das vossas quedas: A Cruz, o
Sangue do meu Filho que, a cada instante, se derrama sobre vós, desde que o
desejeis, quer pelo sacramento da Penitência, quer também pelo Santo Sacrifício
da Missa.
Meus queridos filhos, há vinte séculos que Eu vos
cumulo destes bens com graças especiais e o resultado é mínimo! Quantas das
minhas criaturas, tornadas filhas do meu Amor pelo meu Filho, lançaram-se
rapidamente no abismo eterno! Na verdade, eles não conheceram a minha Infinita
Bondade. Eu vos amo tanto! (Expressão preferida da Irmã Eugénia e que
aparece freqüentemente.)
Ah, ao menos vós, que sabeis que Eu venho em Pessoa
para vos falar, vos dar a conhecer o Meu Amor, por piedade por vós próprios,
não vos lanceis no precipício. Eu sou vosso Pai!
Seria possível que depois de Me terdes chamado Pai e
de Me terdes testemunhado o vosso amor, encontrásseis em Mim um coração tão
duro e insensível que vos deixasse perecer?
Não! Não! Nem o penseis! Eu sou o
melhor dos Pais. Conheço a fraqueza das minhas criaturas. Vinde! Vinde a Mim
com confiança e amor! E Eu vos perdoarei com o vosso arrependimento. Ainda que
os vossos pecados fossem repugnantes como a lama, a vossa confiança e o vosso
amor levar-Me-ão a esquecê-los, de modo que não sereis julgados. É verdade que
Eu sou justo, mas o Amor apaga tudo!
Escutai meus filhos, façamos uma suposição e tereis
a certeza do meu amor: para Mim, os vossos pecados são como ferro; para Mim, os
vossos atos de amor são como ouro. Se Me entregásseis mil quilos de ferro nunca
seria tanto como se Me désseis dez quilos de ouro! Isto significa que com
um pouco de amor se podem redimir imensas iniquidades.
Eis aqui uma fraquíssima imagem do meu Juízo sobre
todos os meus filhos, os homens, sem exceção. Devem, pois, vir ter comigo!
Estou tão perto de vós! Deveis, pois, amar-Me e
honrar-Me para não serdes julgados ou para serdes julgados com amor
infinitamente misericordioso.
Não duvideis! Se o meu coração não fosse feito assim
já teria exterminado o mundo tantas vezes quantos os pecados que ele tem
cometido! Mas, como sois testemunhas, a cada instante manifesta-se antes a
minha proteção por meio de graças e benefícios. Daí podeis concluir que há um
Pai acima de todos os pais, que Ele vos ama e que não deixará de vos amar,
desde que o queirais.
Venho ter convosco por meio de dois caminhos: a
Cruz e a Eucaristia.
A Cruz é o meu caminho para descer até os
meus filhos porque foi por ela que Eu os fiz redimir pelo meu Filho. E, para
vós, a Cruz é o vosso caminho para ascender até o meu Filho e, pelo meu Filho,
até Mim. Sem ela nunca poderíeis fazer esta caminhada porque o homem, pelo
pecado, atraiu sobre si a separação de Deus como castigo.
Pela Eucaristia resido entre vós como um Pai
na sua família. Quis que o meu Filho instituísse a Eucaristia para fazer de
cada Sacrário o reservatório das minhas graças, das minhas riquezas e do meu
amor, para os dar aos meus Filhos, os homens.
É ainda por estes dois caminhos que Eu faço descer o
Poder e a minha infinita Misericórdia.
Agora que vos mostrei que o meu Filho Jesus Me
representa entre os homens e que por Seu intermédio Eu permaneço sem cessar
entre eles, quero mostrar-vos também que Eu venho estar convosco por meio do
meu Espírito Santo.
A obra desta Terceira Pessoa da minha Divindade é
levada a cabo sem ruído e muitas vezes o homem não se apercebe dela. Mas para
Mim é um meio muito apropriado para permanecer, não só no Sacrário, mas também
na alma de todos os que estão em estado de graça, para aí estabelecer o meu
Trono e permanecer sempre como verdadeiro Pai que ama, protege e
ampara o seu filho. Ninguém pode compreender a alegria que sinto quando estou
sozinho com uma alma. Ninguém compreendeu até agora os infinitos desejos do meu
Coração de Deus Pai, de ser conhecido, amado e honrado por todos
os homens justos e pecadores. E são estas três homenagens que EU desejo receber
em desagravo dos maiores pecadores,
O que Eu não fiz ao meu povo desde Adão até José,
pai adotivo de Jesus, e desde José até este dia, para que o homem Me possa
prestar o culto especial que Me é devido como Pai, Criador e Salvador! No
entanto, este Culto Especial que Eu tanto desejei e que continuo a desejar,
ainda não Me foi dado!
No livro do Êxodo ledes que é preciso honrar a Deus
com um culto especial. Os Salmos de David, sobretudo, encerram o mesmo
ensinamento. Nos Mandamentos que dei a Moisés coloquei em primeiro lugar: “Um
só Deus adorarás e amarás perfeitamente”.
Ora, amar e honrar alguém são duas coisas que andam
juntas. Posto que vos cumulei de tantos benefícios devo, pois, ser particularmente
honrado por vós!
O
LIVRO
A Vida para a Glória do Pai é o livro que traz
uma breve biografia de Madre Eugênia e a transcrição de seus escritos com suas
experiências místicas da revelação de Deus Pai.
No Brasil, esse livro é comercializado pela Editora da Divina Misericórdia.
Imprimatur + Fr. Petrus Canisius van Lierde, Vig.
Gen. E Vicariatus Civitatis Vaticanae die 17 Aprilis 1989